Crônica - "Agruras de uma recém casada"

Hoje minha irmã recebeu essa crônica da Nina Kassab, amiga dela e médica, e eu achei o máximo...
Me identifiquei tanto, quando falou nas sacolinhas do super atá o elevador então, eu ria aaaalto (talvez um pouco aliviada por eu não ser a única)...
Pedi para ela e ela autorizou colocar aqui no Blog.
Dêem uma olhada ...

Agruras de uma recém dona de casa

           " Dia cheio no trabalho, trânsito básico de São Paulo à tarde. Mas nesse dia nada vai tirar seu bom humor, porque você está muito feliz por ter casado e ter um lindo apartamento, que, jurou a si mesma, vai fazer funcionar perfeitamente.

            Refletindo no carro, lá pelas seis da tarde você se lembra que no seu lindo apartamento de recém casada que vai funcionar perfeitamente, não há nada na geladeira, a não ser meia garrafa de saquê que já está lá há dois meses. Logo em seguida se lembra que não tem mais sua mãe para fazer compras para você, e que nem passa pela cabeça do seu marido que as compras da casa não chegam lá por geração espontânea. Muito bem, única alternativa: supermercado!

            Após enfrentar um trânsito considerável para chegar ao Extra, inicia- se aquele processo que até então você achava que era básico para qualquer humano, e depois descobre ser um teste em que só os fortes sobrevivem!! Nada de vaga para estacionar. Um milhão de pessoas no supermercado às nove da noite. Não tem molho francês semipronto que sua tia mandou comprar porque era super fácil de fazer qualquer coisa com ele. A validade desse iogurte vai vencer em três dias, compro ou não? Cadê o papel higiênico, eu tinha certeza que estava nesse corredor?! Qual espuma de barbear que ele usa mesmo? Como seleciono se a maçã está boa ou não? Fila, muita fila! Será que as pessoas não têm mais o que fazer nesse horário?!

            Primeira etapa vencida, você chega ao prédio com todos aqueles saquinhos e os arrasta em três viagens até o elevador, pois ainda não teve tempo de solicitar o cartão do carrinho da garagem. Sobe até o apartamento e guarda todas as compras. Fica feliz, pois comprou um monte de coisas light e saudáveis e não pediu Mc Donalds para jantar. Praticamente uma dona de casa perfeita.

            Até você subir ao banheiro e descobrir que acabou a pasta de dente. E ninguém te avisou!! Como? Como? Momento de revolta: não vou sair para comprar uma nova pasta de dente! Não vou! Não vou!

            Nesse momento, chega seu inocente marido, desavisado de todo perigo que está por vir! Óbvio que ele é o culpado por não te avisar que não tem pasta de dente! E também é o culpado pela fila no supermercado, e por todo o trânsito da cidade. Ele chega em casa, te dá um beijinho, liga o ar condicionado, liga a TV, põe as pernas para cima e faz a pergunta:

            - Amor, o que teremos para o jantar??

            Você pensa em assassiná-lo naquele momento. Você questiona todas as razões que te levaram a casar! Você pensa em todos os discursos feministas e de divisão de tarefas! Divisão de tarefas é utopia, o que ganhamos foi jornada dupla, isso sim.

            - #***#*#*#!!!!

            - Credo!! ‘Tá de TPM?? Tudo isso só por causa de um supermercado cheio?

            Nesse momento você percebe que sua mãe deveria ter sido beatificada.

            E que, ainda bem, para a salvação dos casamentos, inventaram o Pão de Açúcar delivery!"

Texto: Carolina (Nina) Kassab

Postado por Juliana Bley às 01:53

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